terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Graça Divina

       Como alcançar a salvação é o problema fundamental de toda religião. Os cristãos acreditam que o homem nasce em pecado e iniqüidade, que deve ser salvo do pecado e alcançar a felicidade eterna no Paraíso. Os indus e budistas acreditam que o homem nasce na ignorância; que ele mesmo deve se salvar da ignorância, e dessa forma, da corrente de vida e morte, entrando no Reino de Deus, QUE ESTÁ DENTRO DE NÓS. Se realmente analisarmos todas as diferentes doutrinas das religiões do mundo, chegaremos à conclusão de que, embora a linguagem e expressões sejam diferentes, elas compartilham o mesmo ideal, a mesma meta. (1)

       Tanto os indus, como os budistas e cristãos, ensinam QUE O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE NÓS; e isso é o que os místicos de todas as crenças acentuam – que o céu está dentro de todas as almas, e que, por meio de uma União completa com essa realização divina, se consegue a salvação ou libertação da ignorância e da cadeia de vida e morte.

       (1) Assim é de fato, pois se este não fosse o ensinamento verdadeiro e procedente não haveria por que nos bastarmos a uma religião e nem a tantas quantas pudéssemos abraçar. Religião, no significado ocidental, deriva do termo latino "Religare", ou seja, ligar-se de novo à origem divina. O homem é divino, acredite ou não em Deus, pois foi criado para a perfeição, para o conhecimento da divindade dentro dele mesmo. Os envoltórios de matéria que constituem os seus corpos de manifestação, obnubilam sua introspecção enquanto ele não desperta em consciência para a realidade interna.

       A personalidade, estando permeada pelos sentidos inferiores que a dominam, o deixam a mercê das forças da natureza. Neste estágio, ele é guiado por sua consciência menor, onde seu conteúdo emocional e mente objetiva, chamada racional, o levam a seguidos enganos. Somente depois, diante das oportunidades do despertar, através do processo evolucionário, tenderá o homem a aceitar sua condição imatura e a buscar dentro dele mesmo a "outra realidade".

       Em que pese à visão moderna de determinadas filosofias espiritualistas, de movimentos religiosos, religiosos-esotéricos, esotéricos, e do próprio Espiritismo, divagar sobre os postulados das religiões milenares, mal os comparando com suas atuais posturas mentais, julgadas as mais sábias, nada muda na essência, pois o homem, filho das raças projetadas e surgidas na Terra, tem uma só endogenia e um só caminho real a trilhar, qual seja, o do autoconhecimento. Pouco importa os modelos doutrinários calcados nas diferentes culturas e idiossincrasias, as novas revelações – que não são de fato novas - e o verniz aplicado com os novos métodos implantados, uma vez que todos os modelos, orientais ou não, convergem para a mesma direção, visando unicamente à salvação humana pelos pensamentos aclarados, reforma íntima, atitudes práticas, reflexões, meditações, desapego, caridade e devoção.

       Esses atributos reunidos, e outros mais que necessariamente virão a ser experimentados e trabalhados com pessoal dedicação e zelo, na medida em que se avance em consciência, elevam a Deus. Deste modo, todas as religiões sobreviventes de um passado evo, ou de um passado mais recente, como, por exemplo, a religião cristã e suas derivações – incluindo o Espiritismo – que permanecem ainda sob a orientação da Fraternidade Branca Universal, mesmo com o surgimento de segmentações emblemáticas, idealizadas por um ou outro serviçal mensageiro daquela Fraternidade, herdaram ensinamentos solidamente estruturados nas insofismáveis verdades. (Rayom Ra)

       Assim, mais uma vez, os vedantistas atestam que estando a presença de Deus dentro de nós, pois está em todos, seja pecador ou santo, faz-se necessário a União com Deus. Pecador é quem não tem consciência dessa necessidade, enquanto que santo é quem a compreende e, conscientemente, se empenha nessa União. Mas o que é essa necessidade? É o desejo de se livrar do sofrimento, da miséria, da ignorância e morte. O que o pecador procura através de seus pecados? Felicidade, liberdade. Em outras palavras, ele também está buscando um céu, mas pela maneira errada, pois pode encontrar a liberdade em si mesmo. Cristo, Buda, todos os grandes espíritos iluminados e todas as Escrituras, mostram que só há uma verdade, ou seja, que há salvação da escravidão em que vivemos; que podemos ultrapassar as nossas limitações e finidade; que podemos alcançar a vida eterna, aquela felicidade eterna, se, somente entrarmos no Reino de Deus, QUE ESTÁ DENTRO DE NÓS PRÓPRIOS!

       Esta doutrina de salvação, de obtenção da liberdade e de realização, portanto, está intimamente ligada à doutrina da graça. Se lerdes as diversas Escrituras do mundo, achareis a idéia da graça como o caminho derradeiro, através do qual se pode conseguir a libertação, aquela iluminação. Na verdade, Buda não falou na graça divina, (2) nem falou de Deus. Porém, Cristo, Krishna e Ramakrishna, todos eles, disseram que somente através da graça divina se pode chegar àquela sabedoria, o Reino de Deus. Cristo disse: "Vós não me escolhestes, fui Eu que vos escolhi". Nos Upanishads, lemos: "Por aquele a quem o Ser elegeu, esta verdade de Deus é alcançada". Sem esta escolha de Deus, sem aquela graça divina, não é possível conhecê-LO e alcançá-LO. E todas as grandes almas, nos mais elevados estágios de iluminação, têm, inequivocamente, admitido: "Somente através da graça divina consegui essa iluminação". Ninguém, seja cristão ou indu, jamais disse: "Consegui pelo meu próprio esforço".

       (2) Até onde sabemos dos aforismos budistas, Buda dissera não existir um só Deus, porém deuses criadores. Naturalmente, o sábio Buda, de muitas encarnações em nossa Cadeia Terrestre e na Cadeia Lunar, precedente à nossa, pertenceu inicialmente à hierarquia lunar e depois à hierarquia terrestre, na qual ocupa agora o cargo de Mentor Principal em Shamballa.

       Portanto, ele saberia que Deus, ou o Logos, criou o sistema solar com sua própria vontade, mente e inteligência, mas outorgou e dignificou às hierarquias que já existiam com seus próprios poderes de criação, para virem atuar como "co-criadores", segundo o Grande Plano que projetara subjetiva e objetivamente. Pois nada se constrói no universo sem um esforço conjunto de inteligências interagentes, operando com diversos e multidimensionais fatores inacessíveis ainda ao entendimento humano comum e à nossa ciência concreta.

       Não obstante suas mensagens e filosofia não citarem especificamente a graça como um estado permitido sob bênçãos divinas, o Gautama elencou as quatro nobres verdades nas quais estamos todos imersos, mostrou os oito caminhos, e pregou sobre o caminho do meio, o mais difícil, corajoso e austero de todos, mas que seguido até o seu final conduz com maior brevidade ao autoconhecimento e realização completa. Esse estado, na sua máxima amplitude, nada mais é do que mergulhar no Nirvana, após a conquista de todas as etapas precedentes, seja pela mais absoluta entrega ao rigor da meditação asceta, seja, de outro modo, essa meditação menos intensa, mas em conjunto com demais práticas disciplinadoras e obras filantrópicas realizadas.

       Ao final, entendemos que esse estado nirvânico do "não-ser" é a total, absoluta e inextinguível graça e sabedoria permitidas pelos mais altos escalões de deuses das hierarquias solares a usufruírem-se, enquanto avançamos com o Deus Solar. Pois, para todas as conquistas nos mundos superiores, há que existir a consonância com os propósitos da raça humana, do orbe terráqueo como um ente espiritual, da cadeia planetária com seus sete planetas de diferentes matérias, e com nosso sistema solar.E para esses propósitos a que, pouco a pouco, se deva inserir, e sobre eles avançar, há regras e princípios de irrestritas obediências e cumprimentos de suas normas, associados a um processo iniciatório, para daí irem-se obtendo gradativas graças e permissões. 

       Também sabemos que, apesar de Buda ter apregoado haver vencido o mundo, ou o carma, por ter alcançado o Nirvana, e devido a isso não voltaria mais a renascer, fora obrigado a de novo reencarnar punitivamente na Terra, embora divinizado, pelo fato de ter revelado segredos não autorizados pelas Hierarquias Superiores. (Rayom Ra)

       Do nosso ponto de vista ignorante, quando ouvimos dizer que somente através da graça divina se pode obter a iluminação, é muito difícil compreendermos o verdadeiro significado da "graça divina". Ficamos um pouco confusos e surge a pergunta: "se tenho que depender da graça divina, se tenho que esperar até que essa graça desça sobre mim, qual a necessidade de meus esforços?".Surge, então, outra pergunta: "será que Deus é parcial, derramando Sua graça sobre alguns e negando-a a outros?". E mais essa: "que espécie de Deus é esse?". É por que quando pensamos sobre a graça divina, baseamo-nos num Deus pessoal, com atributos humanos, emoções e sentidos humanos, num Deus antropomorfo.

       Novamente, por sua vez, aqueles que acreditam num Deus impessoal, pensam: "como pode haver qualquer graça partindo do impessoal?". Para eles, o Impessoal é como um autômato, um mecanismo, uma abstração. Não responde. Mas isso também é um mal-entendido. O que "é" Deus? As Escrituras nos dizem que Ele é a própria Consciência. E se nós O chamamos de pessoal ou impessoal, não importa. A Consciência Infinita, na qual acreditamos, não pode ser um mecanismo, (3) uma abstração. Aqueles que realizaram Deus, afirmam que Ele é impessoal, mas não um conceito antropomórfico. Ele é também impessoal, mas não uma abstração. Ele é a Consciência Infinita, além do pessoal e do impessoal. Sri Ramakrishna costumava dizer: "Nunca Limiteis o Infinito!". Em outras palavras, nunca penseis que a vossa idéia sobre Deus é a única concepção, a única verdade. Eu diria que a melhor expressão, do ponto de vista humano, de Realidade Infinita, é a palavra sânscrita HARI, que significa: "Aquele que açambarca os corações da humanidade – o Amado Eterno". Isto é Deus! Aquele Amado Eterno está dentro de nossas próprias almas, e sem a Graça do Amado, não é possível compreende-Lo.

       (3) A propósito de Deus ser um mecanismo, alguns exibem teorias esdrúxulas, baseados nas conquistas da nova ciência eletrônica, nos jogos incríveis que encantam e seduzem a juventude, nas descobertas surpreendentes através das lentes e recursos dos gigantescos e robotizados telescópios a girar em torno do planeta, e nas naves exploradoras que viajam milhões de quilômetros pesquisando o cosmos.

       Se por um lado, esses intrincados aparelhos vieram desmentir insofismavelmente muitas das teorias e categóricas afirmações de orgulhosos astrônomos que nos ensinaram com evidentes erros, por outro lado, pelas suas automatizadas performances, decorre uma avalanche de novas teorias e prematuras suposições, não somente dos eventuais acontecimentos cósmicos, mas também sobre conjeturas fabulosas de um "Não-Deus" antropomórfico ou Impessoal.

       Sob as asas da ciência concreta e tecnologia, teóricos cartelizados na imaginação científica vêm - uns, com suas empáfias emergentes das limitadas equações e teoremas matemáticos, outros, por hipotéticas e adulteradas conclusões da física moderna – exemplificar o absurdo, substituindo o Deus altíssimo e incognoscível por irreverentes conceitos de suas mentes finitas.

       Outros mais, dominados pelo fanatismo da ciência, execram a fé dos religiosos e debocham sistematicamente das religiões, convictos da inexistência de um Deus por elas inventado. Há uma triste galeria de famosos teóricos e ficcionistas deste tipo, que sequer menciono qualquer de seus nomes, infiltrados nos meios científicos, amados e reverenciados pelos entusiastas seguidores.

       Uma dessas abismais e lúdicas teorias, provavelmente confeccionada por um ou mais discípulos destes ícones de barro, a que homens do saber espiritual não prestam a mínima atenção, se tornou, no entanto, mundialmente conhecida e discutida por amantes da ficção científica. Diz a imaginativa invenção que um imensurável computador cósmico seria o responsável pela totalidade das leis mecânicas do universo, consequentemente pelo controle de toda a criação. E de seus infindáveis recursos todas as possibilidades do passado, presente e futuro, estiveram ou estão programadas para acontecer.

       Se esta fosse uma possibilidade verídica, e não uma brincadeira, e sendo o universo produto de uma máquina, o destino humano seria também de acabar robotizado. (Rayom Ra)

       Respondendo, agora, às perguntas: "qual a necessidade e nossos esforços, se temos de depender de Sua Graça?". E "sendo Ele parcial, dá a Sua graça a alguns e a outros não?". O Bhagavad Gita diz que AQUELE QUE ESTÁ DENTRO de todos nós, não fica observando o mérito ou o demérito de ninguém, mas permanece encoberto pela nossa ignorância, e, por isso, ficamos iludidos. Eis toda a verdade: DEUS RESIDE IGUALMENTE NO CORAÇÃO DO PECADOR E DO SANTO. No coração do pecador Ele está encoberto por sua ignorância. No do santo, a ignorância foi removida.

       E qual a causa dessa capa de ignorância? A causa é o ego!

       Cada um de nós pensa que é independente de Deus, que temos vontade própria. Mas, na realidade, simplesmente não somos sem Deus. O homem esquece que, embora desfrute da vida de Deus, da Consciência de Deus, ele cria, como se assim fosse, um ego independente. E, então, o que acontece? Fica preso pelo carma, ganhando mérito ou demérito dentro desse carma, mas Deus permanece insensível.
Segundo as palavras de Sri Ramakrishna, a brisa da graça de Deus está soprando continuamente. Tereis que içar vossa vela para apanhar essa brisa. Se disserdes, simplesmente, que, uma vez que se depende da graça, não precisais fazer nada, é por que pensais que possuís uma vontade independente. Enquanto o ego ao estiver, enquanto pensardes que tendes uma vontade livre, como podereis entender algo acerca da graça divina?

       Sendo assim, o que deveremos fazer? Novamente, ensina o Gita: "devereis salvar-vos por vosso próprio Ser". Sois o vosso próprio amigo e inimigo. Esquecei-vos da graça enquanto tiverdes esse ego, tão grande, tão forte! Usai vosso ego, a vossa vontade, para superar o ego, e submeter a vossa vontade à vontade de Deus. Este é o esforço que todos devem fazer.

       Meu mestre costumava repetir um lindo verso de um santo Vaishnava: "há a Graça do guru, há a graça de Deus, há a graça dos seus devotos, mas pela falta de uma certa graça o homem se perde. E que graça é esta? É a graça da vossa própria mente. A não ser que tenhais a graça da própria mente, não podereis ter a graça divina. Embora esteja soprando a brisa da graça divina, não podereis apanhá-la até possuirdes a graça da vossa própria mente. De fato, existem estágios evolutivos nos quais esta graça é sentida tangivelmente".   

       No primeiro estágio precisa-se começar a vida espiritual porfiadamente, usando a vontade. Precisa-se fazer um esforço. Deveis possuir um grande anseio, um desejo intenso de encontrar Deus. Mas não basta tão somente ter a ânsia de encontrá-Lo. Precisareis dar o passo seguinte. Precisareis praticar disciplinas espirituais. Isso vos levará ao terceiro estágio, à renúncia. Não haverá mais luta, nem mais disciplinas espirituais, pois entregastes completamente o vosso ego à Deus. Haverá, então, uma contínua conscientização de Deus.

       Como exemplo, dou um fato ocorrido na vida de um discípulo de Ramakrishna, o conhecido dramaturgo G. C. Ghosh. É um exemplo ideal de renúncia na presente época. Procurando Sri Ramakrishna, este lhe disse para praticar certas disciplinas espirituais. Respondeu que não poderia praticá-las. Então, Sri Ramakrishna pediu-lhe que meditasse durante dez minutos, pela manhã e pela tarde. Respondeu, novamente, que não poderia. Em vista disso, Ramakrishna disse-lhe: "muito bem, então tome o nome de Deus antes de dormir". "Não posso prometê-lo, pois sou um bêbado contumaz e, às vezes, nem sei se é noite ou dia". Então Ramakrishna disse; "Muito bem, passai-me uma procurção e farei tudo isso por vós. Em outras palavras, entregai-vos a mim". C.G. Gosh, retrucou: "isto farei com muito prazer".

       Porém, quando voltou à casa. Começou a pensar: "oh, terei que fazer isto. Como posso fazê-lo? Tendo-me entregue a Ramakrishna, como posso ter uma vontade própria?". Como podeis ver, ele era o que nós chamamos um pecador, mas, no fundo, sincero e franco. Assim, mesmo quando estava simplesmente caminhando, não podia pensar que estava caminhando, mas, a cada passo que dava, tinha de pensar em Ramakrishna. Em cada respiração era forçado a estar consciente da força d Ramakrishna. Certa vez, comentou com outros discípulos: "se praticarem a meditação a certas horas, é muito bom. Mas comigo é diferente, pois preciso praticar a meditação a todo o momento de minha vida". Isso é que é renúncia. E quando essa renúncia chega, é que se compreende o significado da graça.

       Qual é, então, o ideal que devemos seguir? Repetirei a mesma coisa que já disse muitas vezes. Mantende o coração em Deus. É certo que seguidamente o esquecereis, mas, mesmo lembrando-vos poucas vezes por dia, a mente fixar-se-á gradativamente. Este é o esforço que deveis fazer – manter a mente em Deus. Acredito, tão somente, na prática dessa disciplina para nos ajudar a manter nossas mentes em Deus.

       Sri Ramakrishna faz a seguinte comparação. Um policial, no escuro, projeta em outros a luz de sua lanterna e não pode ser visto por eles. Com a ajuda da luz, uns podem ver os outros. Pedindo ao policial para voltar sobre si mesmo a luz da lanterna, então poderemos vê-lo. É este o caso. Temos dentro de nós aquela luz que procede de Deus, que nos ilumina os sentidos, que nos faz sentir e ser conscientes, que nos possibilita estar em contato com o mundo. Mas não conhecemos a sua fonte. Usamos essa luz, mas esquecemos que é Sua luz. Criamos um ego próprio, que atua neste mundo com a luz emprestada por Deus; e permanecemos presos à lei do Carma, sujeitos ao nascimento e morte, atados àquelas três misérias, o sofrimento, a ignorância e a morte. Para nos libertar destes grilhões, precisamos aprender a dirigir aquela luz sobre o próprio Deus. A mente foge, pula, mas precisareis conservá-la voltada para Deus. Somente pela prática isso pode ser feito. Enquanto praticais esta renúncia, tratai de praticar o pensamento em Deus, meditai sobre Deus, tornai-vos consciente Dele. Começareis, então, a sentir verdadeiramente a Sua graça. Sereis como um imã atraindo a agulha para si.

       Enquanto estais pensando na Presença de Deus, ainda surgirão distrações, ainda haverá escuridão, e nada vereis ainda. Mas sentis intensamente aquela Presença, há um "vazio" em vós. Subitamente, quando menos esperais, sentireis que, apesar de serdes vós mesmo, vossa mente estará sendo atraída para aquele imã, perdereis a consciência deste mundo e ficareis conscientes da Presença da Realidade, passando a sentir a graça e o imã vos puxando.

       Sendo educado no hemisfério ocidental, podereis dizer: "mas se fixarmos nossas mentes em Deus, o que será de nossas vidas neste mundo, e os nossos deveres?". A vossa idéia conceptual é a de atividade. Isto é, apenas, uma desculpa. Podeis pensar em Deus, podeis amar a Deus, podeis fixar vosso coração absorventemente em Deus, e viver, simultaneamente, no mundo, atendendo vossas obrigações. Qual a finalidade de trabalhar e viver? Encontrar a libertação dos grilhões da miséria e da morte. Não há outra finalidade. Deixai, portanto, todas as vossas ações, todos os momentos de vossa vida, mesmo quando estais atendendo os vossos assim chamados "deveres", serem usados como um meio para conservar vossa mente em Deus, para alcançar iluminação.

       Filosoficamente, é obvio que o esforço limitado do homem não pode lhe proporcionar a União com Deus, uma vez que Deus é infinito. Sobre isso, Shankara, o grande santo-filósofo, diz, com toda a clareza, que não é através dos esforços finitos que atingireis o Infinito, mas através da graça desse Infinito. Nossos esforços finitos são, contudo, necessários para remover o obstáculo finito da ignorância. O Sol brilha, mas as nuvens se juntaram e deve vir uma rajada de vento para dissipá-las, a fim de que o Sol possa brilhar sobre nós. Deus, o Sol luminoso está brilhando DENTRO DE NÓS, mas existe uma nuvem de ignorância cobrindo a Sua luz. O vosso esforço remove aquela ignorância finita. A libertação não é uma coisa que tenhais de conseguir. É algo que já possuís, em vossa própria natureza. Removei a nuvem da ignorância, penetrai nessa nuvem e observai o que está além dela. Este é o único caminho!

       Essa verdade é simplesmente estabelecida quando dizemos: "pensai em Deus". Orai a Ele, venerai-O, meditai sobre Ele, e notareis que a vida se torna cheia de alegria e doçura. Não concebo como as pessoas podem viver sem pensar em Deus. De que maneira conseguem viver?

       Podeis dizer que sou um pessimista. Talvez o seja, pois nada vejo, a não ser dificuldades e preocupações nesta vida. A vida parece ser suave por algum tempo, mas ninguém escapa da morte. Onde está o único repouso verdadeiro? Se tentardes repousar em qualquer coisa, ela escapará, pois assim é a natureza de tudo: fluxo, mudança. Como pode, portanto, qualquer ser humano inteligente viver uma outra vida senão a de viver em Deus? Todas as nações do mundo estão se suicidando por que elas não têm Deus, por que esqueceram Deus. Mas, digo eu, ninguém se perderá. Hari, aquele que açambarca os corações da humanidade, ESTÁ DENTRO DO CORAÇÃO DE TODOS. Ele envolvera o coração de cada um, numa ou noutra ocasião, numa ou noutra vida. Aqueles que acordaram, não dormirão novamente.

       Empenhe-se, esforce-se, mantenha seus pensamentos em Deus. Acredito que se alguns poucos puderem fazer isto a aura do mundo mudará. Todos sentem, toda a criança sente, que tereis de fazer algo para o mundo. Pois, muito bem, a coisa maior que podeis fazer para o mundo é voltar a face na direção de Deus. Sereis um dínamo, não tereis que falar, não tereis que procurar ninguém, por que sereis um dínamo humano vivo. A vida que estais vivendo refletir-se-á nas almas dos homens e também eles esforçar-se-ão para atingir aquela meta.
                 [Swami Prabhavananda – Vedanta for the Western World - FEEU]
Rayom Ra


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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Orientações Para a Meditação


       O tempo de meditação é uma das dúvidas dos discípulos. Qual o tempo necessário para se obter êxito nesse trabalho?

       - Servidores, no vosso agitado mundo, e com as condições adversas que a maioria dos aspirantes a esse caminho enfrenta, seria impossível e até mesmo impraticável, impor-se uma disciplina rígida, com longos períodos meditativos. Somos favoráveis a que comeceis os vossos esforços impondo-vos pequenos períodos de meditação. Este trabalho, antes de tudo, deve proporcionar-vos prazer e bem-estar, que serão o estímulo para perseverardes nestas práticas. E, portanto, servidores, somos favoráveis a que useis nesse autotratamento, para a reforma e iluminação interior, doses homeopáticas do medicamento que é a meditação.

       Começai este trabalho, fazendo-o duas vezes ao dia, pela manhã e à noite, isso se os vossos compromissos e horários permitirem. Se não for possível realizar esta prática duas vezes ao dia, realizai-a uma vez ao dia naquele horário que vos seja mais cômodo. Logicamente, quanto mais tempo levardes vos aprofundando nesse trabalho, maior bem-estar íntimo sentireis e mais receptivos também ficareis. Mas, para que isso aconteça, há a necessidade que haja a perfeita harmonia interna e externa.

       Procurai, sempre que possível, fazer a meditação no mesmo horário, isso para criardes o hábito de naquele horário procurardes aquele Encontro com a Divindade dentro de vós. Com o passar do tempo, e com dedicação a esse trabalho, as condições favoráveis, paulatinamente, irão se apresentar para que aumenteis o período dedicado à meditação.

       Ao começardes a meditação, enfocai a atenção no ponto entre as sobrancelhas, ou seja, o centro crístico. É exatamente neste centro que está a chave que fará a ligação e iluminação dos três centros superiores. Quando estiverdes bem treinados em focalizardes as vossas atenções no centro crístico, que é o ponto da vontade e percepção espiritual, podereis levar, se assim o quiserdes, a atenção ao coração, e procurar receber a resposta deste Centro Sagrado.
                                                                  *

                                 APELOS PARA OS VOSSOS PERÍODOS DE MEDITAÇÃO

       1. “Entrego-vos a autoridade e comando desse trabalho de meditação, Poderosa Presença Eu Sou em meu coração.
       Sois o Grande Trabalhador, e só obterei êxito se Vós, Poderoso Eu Sou, auxiliar-me a ir ao encontro da Vossa Luz.
       Eu Vos adoro, e coloco-me sob a Vossa guarda e orientação. Assim Seja!”.

       2. “Bem-Amado Elohim Vista, apelo a Vós através da Luz Crística em meu coração: acelerai e sustentai, acelerai e sustentai, acelerai e sustentai o meu poder de concentração. Eu Vos doo o meu amor e sou grato pelo atendimento deste apelo. Assim Seja”.

       3. “Bem-Amado Pai Celestial, apelo a Vós através da Luz Crística em meu coração: vinde e abençoai-me, vinde e abençoai-me, vinde e abençoai-me com a supressão das dificuldades que entravam o meu caminho espiritual.
       Abençoai-me com a Fé, Esperança e Amor, para que eu possa persistir e obter a resposta que advém do encontro e União Convosco.
       Eu Vos adoro Bem-Amado Pai, e agradeço o Vosso auxílio e bênçãos. Assim Seja!”.
                                                                  *

       Como excelente exercício de visualização, nos momentos em que a vossa concentração começa a fugir, podeis utilizar o seguinte:
       Levai a vossa atenção para o alto da cabeça, precisamente na direção do centro coronário. Começai a visualizar neste local a um pequeno ponto de luz que passa a expandir-se gradativamente. Quanto maior for a vossa atenção concentrada, maior será a expansão desta luz. Mentalmente, porém sempre concentrados naquela luz, vocalizai o OM, isto sem fazerdes nenhum movimento com a língua. Sustentai por alguns segundos esta visualização e som. Se vossa mente não parar de correr, obedecendo ao vosso comando, podeis dar por terminada a vossa meditação.
       Ao terminardes, também deveis agradecer à Divindade por essa oportunidade, com as seguintes palavras, ou com aquelas que vos sejam inspiradas:
      
       “Ó! Vós Poderosa Presença Eu Sou ancorada em meu coração. Uno-me a Vós e agradeço as bênçãos recebidas durante a meditação, sob a forma de descanso mental, paz e percepção interior. Parto agora para a lida diária e entrego a Vós todos os problemas e soluções que mantêm a minha mente ocupada.
       Eu Vos adoro, Fonte de Vida dentro do meu coração, e sou grato por todo o auxílio que vem através de Vós. Assim Seja!”.

       Afirmai: “Investido com a Luz do Eu Sou em meu coração, persistirei sempre até atingir a percepção e íntima União com essa Luz, que é Deus presente em mim e em toda a parte. Assim Seja!”

                               Vosso Instrutor,
                                                            Djwal Kuhl.

                                                    [Exercícios Para a Autolibertação – FEEU]

Rayom Ra

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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Meditação

      
       Meditação é arte de enfocar a atenção num ponto, que pode ser o centro crístico ou o cardíaco, com o objetivo de despertar e chegar a fazer contato com o Santo-Ser-Crístico, o Eu Sou em vossos corações. Esse trabalho requer paciência, e para a maioria dos homens é demorado. No entanto, se persistires nele, fazendo-o da forma correta, começareis a sentir sensíveis mudanças em vós, que vos proporcionarão indescritível bem estar, tanto físico como psíquico.

       A certeza de que a divindade dentro de vós está atenta e receptiva aos vossos esforços e rogos, é a indescritível paz que virá se instalar em vossos corações. Essa paz é duradoura, e como já dissemos antes, não depende das circunstâncias externas. Quando o trabalho de interiorização tiver sido mais aprofundado, podereis sentir, em alguns momentos de vossa meditação, transbordante alegria que vos invadirá interiormente, ou então, intenso e profundo amor, também sentido no coração.

        Estes três estados, a paz, a alegria e o amor, são as provas concretas de que estais no caminho certo. Chamamos as vossas atenções para a necessidade de, ao sentirdes alguma dessas sensações, vos concentrardes nela e desfrutardes desse íntimo estado.

       Entretanto, vale a pena frisar que o único desses estados que se fará constante em vossas vidas, como sinal de que a vossa meditação está sendo feita de forma correta, é a paz. Advertimos-vos, no entanto, que qualquer dessas experiências poderá se fazer apercebida mesmo fora do período de meditação. (1) Podereis sentir uma dessas respostas logo em seguida ao período de meditação, quando estiverdes trabalhando, ou até mesmo quando estiverdes andando na rua. Estai sempre atentos para as respostas que venham ao vosso interior.

       (1) Esses estados que tomam ao ego, realmente podem acontecer quando menos se esperam. E não somente pela constante meditação segundo disciplinas regulares e regras corretas, mas também pelo trabalho com as chamas em seus diversos apelos e rituais. Em algumas ocasiões, tenho experimentado, inesperadamente, ondas de indescritível e imperturbável paz ou de uma leveza e alegria internas que me fazem ver as situações, as mais difíceis, com serenidade e otimismo, que normalmente não possuo. Atribuo estes estados, a um trabalho permanente com as chamas e a períodos de meditação entre um e outro ritual.
       Em certa ocasião, bem cedo, no centro da cidade, ao dirigir-me ao meu trabalho profissional, fui tomado de uma deliciosa sensação que me conduziu ao outro lado da rua como se não tocasse o solo, parecendo mesmo que deslizava no ar. Aquela estranha, porém fantástica leveza, e o bem estar que se sucedeu, perduraram por, aproximadamente, dois dias, se esvaindo lentamente.
       Diferentes experiências são constatadas por praticantes destas disciplinas que os levam a cada vez mais crer estarem colhendo ótimos frutos de seus esforços e vontade.  As sensações, contudo, a cada vez, não podem perdurar por muito tempo no praticante neófito, pois tendem a afastá-lo da realidade do mundo concreto. Embora jamais perca o que conquistou, é necessário que o ego vá aos poucos se acostumando com estas variações de estados de consciência, e as adaptando conscientemente aos dois mundos, sem arroubos de excessivo entusiasmo, a fim de não atropelar parâmetros. (Rayom Ra)

       E para vós que ansiais por esse encontro com a Divindade dentro de vós, vamos dar prosseguimento com uma orientação sobre as práticas que podem vos facilitar a terdes esse Encontro e União que serão decisivos e definitivos em vossas vidas.

       Encarecemos a necessidade das vossas atenções serem enfocadas, durante a meditação, num destes dois centros: o cardíaco, ou o centro crístico que se localiza num ponto entre as sobrancelhas. Esses dois centros respondem de forma perfeita, porém, atenção para a seguinte orientação:
       - Como estes centros são interligados pelo cordão de prata, e, aliás, é preciso que se diga que os três centros superiores, o cardíaco, o laríngeo e o coronário, estão ligados por esse fio de energia à Divina Presença que paira acima das cabeças dos homens, chamamos às vossas atenções para que, se praticardes a vossa meditação com a mente enfocada no centro crístico, localizado entre as sobrancelhas, esse ponto será o interruptor perfeito para conseguirdes iluminar de uma só vez esses três centros.

       Sabemos que muitos de vós irão questionar que vários dos Excelsos Mestres, através de suas sábias lições, sempre procuraram chamar a atenção dos discípulos para o coração, ou melhor dizendo, o centro cardíaco. Bem servidores, estamos autorizados por Shamballa e pelos Excelsos Mestres, componentes da Augusta Loja Branca, a doar-vos a seguinte explicação, que logicamente não esperamos que aceiteis como verdade, sem antes fazerdes um intenso trabalho introspectivo, ligados aos vossos corações e às vossas razões, até que eles vos falem.

       Quando os Magnânimos Mestres começaram a se comunicar com os homens, aspirantes e discípulos, havia, na humanidade em geral, uma grande carência de amor. Estamos nos referindo à essência desta virtude. O homem da época estava orgulhoso e seguro demais pelos seus estudos e conquistas feitas na área intelectiva. Sabemos todos nós, da Hierarquia Divina, que o homem necessita de um corpo mental bem estruturado, mas, isso sendo de grande importância, não é o suficiente para o alinhamento com sua Alma, e que dessa maneira possa palmilhar o Caminho da Luz.

       Cientes da falha que estava minando os trabalhos daqueles bem intencionados discípulos, os Excelsos Mestres, receberam dos Kumaras, os Anciões do Tempo, a orientação de começarem a voltar a atenção dos homens, através de trabalhos inspirados, para o centro cardíaco, onde está a Poderosa Presença eu Sou, ou o Mestre Interno, que nada mais é do que a Presença do Pai dentro do coração de cada humano encarnado. E começou-se então a passar uma série de trabalhos de Luz, para o serviço agradecido, com apelos, afirmações e exercícios invocatórios direcionados ao Eu Sou, visando unicamente a levar a atenção do homem para esse centro e estimulá-lo a um desenvolvimento mais rápido, através da virtude do amor.

       Aproveitando-se de que na ocasião se estava entrando na Era do Cerimonial, o Bem-Amado e Excelso Mestre Saint Germain colocou de forma magnífica, lições e serviços ritualísticos, onde os discípulos aplicariam as suas energias, doando-as nos cerimoniais e rituais, ao usarem a Lei dos Apelos e Invocações com a atenção voltada para o coração. Esse hábito, quando implantado, daria aos discípulos, principalmente, o privilégio de sempre receberem orientações provindas desta Fonte de Sabedoria. E, assim, começava um novo estágio na caminhada evolutiva do homem, já que este centro é o que oferece a mais fácil percepção ao homem comum. Isto por que ele emite sensações compreensíveis ao homem encarnado, tais como, sentimentos de tristeza, alegria, angústia e paz. Essas são as respostas sentidas e compreendidas pelo homem comum no início da sua caminhada na procura das respostas vindas do centro do Ser.

       Para aqueles discípulos praticantes da meditação, como filosofia de vida, existe um estímulo energético que é um sinal de alerta quando praticam alguma falha de conduta. Este sinal consiste em sentirem, simultaneamente ao ato praticado, um repuxão dentro dos seus cérebros físicos.
Djwal Kuhl

                                             [Exercícios Para a Autolibertação – FEEU]

Rayom Ra

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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Concentração e Meditação

       Discípulos Servidores:
       A concentração e a meditação são as duas disciplinas indispensáveis na vida do homem encarnado, tanto para o homem mundano preocupado com o seu trabalho e negócios, como para o espiritualista, que luta ardorosamente por atingir a mística União com o seu Santo-Ser-Crístico. Esses dois trabalhos, de concentração e meditação, tão importantes na vida dos homens, são por vezes confundidos pelos humanos, porém, eles são distintos entre si, e cada um desempenha um papel em particular.
       Para praticardes qualquer dessas duas disciplinas, necessitais aquietar vossos pensamentos e o coração também. Quando dizemos que necessitais aquietar os vossos corações, estamos recomendando que presteis as vossas atenções às batidas rítmicas desse órgão. O simples ato de enfocardes a atenção no ritmo cardíaco, ou de ficardes atentos à entrada e à saída do ar nos pulmões, vos ajudarão a acalmardes essas duas funções importantíssimas em vossas vidas.

       A arte da concentração é um exercício muito valioso. Consiste em direcionardes todo o vosso esforço mental para determinado assunto que enfocais em vossa mente, e pelo qual ambicionais adquirir maior compreensão.
       Meditar é a arte de enfocar o pensamento numa só direção com a finalidade de atingir a percepção da Divindade dentro de nós, e através dessa União alcançar uma nova consciência. Esses dois exercícios são companheiros inseparáveis, a tal ponto que se chega a confundi-los, achando-se que as duas práticas são a mesma coisa. Porém, como já colocamos, são coisas distintas e complementares, principalmente nas vidas dos homens místicos, que aspiram à auto-realização.
       Quando sentais para estudar ou com a intenção de meditardes, nas vossas mentes turbilhonam, com incrível rapidez, inúmeros pensamentos. Para chamar as vossas atenções, e para que da próxima vez em que vos senteis para iniciardes um estudo, ou para um período de meditação, procureis estar atentos para o que sucederá, vos lembramos do seguinte: Sereis invadidos mentalmente por recordações de fatos passados como temas de conversas, cenas de rua, programas de TV, músicas, enfim, tudo o que está armazenado nos vossos subconscientes, aflorará com surpreendente rapidez. Isso por que, todas as vezes que vos propuserdes a fazer um esforço em vossas vidas, sofrereis alguma forma de resistência, quer mental ou física, para vos minar a vontade. Podeis argumentar como isso é possível, quando estamos fazendo um esforço para melhorarmos as nossas condições, como é o caso do estudo e da meditação?
       - Nós vos respondemos, servidores, que são compreensíveis as vossas dúvidas, mas que deveis entender que, quando o corpo e a mente não estão disciplinados, eles não vos responderão favoravelmente, por melhores que sejam as vossas intenções. No entanto, encontrareis homens, sem nenhuma ligação com as disciplinas espirituais, que têm perfeita concentração mental; isso graças às profissões que exercem e que requerem deles um grande e constante esforço mental. Por terem que ficar concentrados, pela imposição do trabalho que exercem por longo tempo em determinados assuntos, essas emanações de vida adquirem um fortalecimento mental impressionante. Garanto-vos que esses homens não encontrariam dificuldades se voltassem as suas atenções para a prática da meditação, com a finalidade da auto-realização.
       Muitos ocidentais desanimam de suas práticas meditativas, por que não conseguindo disciplinar os inquietos pensamentos, saem da meditação cansados. Outros, que já conseguem silenciar a mente e entrar em estado meditativo, desanimam por que não obtêm as respostas imediatas aos seus esforços.
       No primeiro caso, é compreensível o desânimo do praticante. No segundo caso, cabe-nos uma explicação para utilizardes como investigação em vossos estudos. A arte da meditação consiste num trabalho sutil e transcendente. Já foi colocado por diversos Mestres versados no assunto e nós aqui reiteramos as suas palavras. É comum, no praticante de meditação, principalmente no homem ocidental, notarmos certa decepção quando as respostas interiores não afloram com a rapidez que desejava.
       Ora, servidores, tendes que raciocinar que esse trabalho é tão intenso e árduo como o é o dos garimpeiros das margens dos rios. Não podeis esperar que, depois de duas ou três incursões ao vosso interior, Ele vos virá responder. Esse trabalho é longo, requer paciência e perseverança. É um trabalho intenso de alquimia, e não conseguireis, em pouco tempo de práticas, transformar o barro das indisciplinas emocionais e mentais no ouro dos puros pensamentos e sentimentos espirituais. Tendes que investir em vós mesmos, e acreditar que estais trabalhando arduamente como o escultor; e que tendes em mãos a argila dos vossos corpos mentais, começando agora a moldá-los com novos atos e novos propósitos; isso até esculpirdes um novo homem em vós. Garantimos-vos, esse é um trabalho que vale a pena ser feito, não importando quanto tempo demorem os resultados para aflorarem. Porém, se fordes atentos, ireis perceber que começarão a acontecer algumas mudanças sensíveis de hábitos e comportamentos em vossas vidas.
       Portanto, servidores, se praticais a meditação de forma correta, se realmente já entrais nesse estado meditativo e ainda não obtivestes nenhuma resposta que vos desse a certeza de que está chegando o momento tão ansiado do grande Encontro, tende a certeza de que há probabilidade de que uma destas duas hipóteses esteja acontecendo convosco; são elas:
       1. Vós estais tão ansiosos por esse momento, que, decorrente disto, estais criando uma resistência e bloqueando o encontro definitivo com o vosso Mestre Interno.
       2. Ou talvez ainda não estejais realmente prontos e receptivos para receberdes semelhante carga de energia. Necessita-se, para esta União, que se tenha colocado os corpos físico e mental em perfeitas condições de receberem essa descarga de energia cósmica, que advém do despertar da Poderosa Presença Eu Sou dentro de todos os homens.

       Esse trabalho de procura e encontro com a Fonte de Luz em nossos corações, discípulos, desenvolve-se em várias etapas, até chegar o momento auspicioso do encontro com o Ser Divino. Podeis imaginar que esse trabalho é muito mais fácil para aquele discípulo que goza do privilégio e bênção de ter a presença constante de um Mestre ou Guru. Servidores, o trabalho do Mestre prende-se unicamente a mostrar o caminho ao devoto ou discípulo, e só caberá a este fazer o esforço da auto-superação, até atingir a União com a Divindade. Imaginai, se todos os discípulos que tiveram a oportunidade de conviverem com os Mestres, seguissem à risca as suas disciplinas. Nós já teríamos um considerável exército de homens realizados.

       O trabalho e mérito é de cada um que faz o esforço. Vede o exemplo de determinadas crianças que, apesar de frequentarem os melhores colégios e terem os melhores professores, são estudantes medíocres. E outras, frequentadoras de escolas tidas como fracas, e apesar de todas as condições adversas que encontram em suas vidas, são alunos brilhantes, conseguindo sempre notas altas e distinções, embora nem sempre recebam o incentivo e a valorização dos seus esforços. Porém, apesar de tudo, continuam sendo alunos excepcionais. Esse exemplo, servidores, é somente para ilustrar que todo êxito em qualquer empreendimento que praticais em vossas vidas, depende muito mais de vosso foro íntimo, força de vontade e, principalmente, tenacidade.

       Na Ciência da Meditação, existem etapas preliminares importantes para o seu êxito, que como já vimos são as seguintes:
       1. Aquietar os corpos físico e mental.
       2. Praticar a respiração vigiada.
       3. Acalmar o ritmo cardíaco.
       4. Praticar o pranayama, em etapas mais adiantadas da meditação.
       5. Concentração. Manter a mente convergida para um só pensamento, que poderá ser, por exemplo, uma afirmação como esta: “Eu Sou”, ou, “Eu Sou Luz”. Ou então um mantra.

       Isso, no caso de ser uma preparação para iniciardes o vosso trabalho meditativo. Já se estiverdes usando esta disciplina para os vossos estudos ou procurando soluções para algum problema material, concentrai-vos no objetivo do momento. Se a compreensão ou resposta tardar, interrompei esse trabalho, ide para outra ocupação; isso dará tempo para que o vosso superconsciente possa deixar que a Luz do entendimento aflore à vossa mente concreta.

                                              Djwal Kuhl

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Rayom Ra

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Caminhos à Auto-Realização


       Discípulos servidores:
       Vamos hoje falar-vos sobre os vários caminhos que levam o devoto a ter o encontro com o Ser Divino que está ancorado em seu coração. Devemos lembrar-vos que aquele que consegue esse despertar e religação com sua Fonte de Vida, passa a perceber essa Presença em todos e em tudo. Quando bem equilibrado emocionalmente, torna-se um homem de valor para a sua família, no trabalho e para os amigos também. Isto por que ele encontrou o equilíbrio tão necessário na vida, principalmente nos dias de hoje, e pelo seu trabalho espiritual tornou-se um “magneto”, atraindo para si todas as forças positivas.
       Vários são os caminhos que vos levarão a este encontro, que para alguns denomina-se Perfeição ou Iluminação, e para outros Realização. Essa união que tantos ambicionam como fim do caminho evolutivo do homem encarnado, não o é. Ela é o ápice de uma série de esforços, que culminarão nesse encontro. Mas, enganam-se aqueles que pensam que, depois desse sagrado encontro podem quedar-se sentados e tranquilos. Dizemos-vos, que agora, a partir desse momento, é que realmente começa o trabalho de realização nesse devoto.
       Sabemos que muitos irão questionar que sempre compreenderam, pelas leituras feitas, que esses homens viviam ou vivem, se assim preferirdes, nos ashram ou templos, levando uma vida de austeridade, inteiramente dedicada às práticas devocionais. Isso realmente aconteceu em tempos passados e ainda acontece hoje com alguns predestinados homens. Porém, aqui neste trabalho, nós estamos falando ao homem comum, ao homem chefe de família, àquele que apesar de tudo que já conquistou na vida prática, ainda sente uma insatisfação íntima que ele mesmo, na maioria das vezes, não sabe explicar. Dirigimo-nos a esse homem ou mulher da vida agitada dos dias de hoje, que querem melhorar as suas vidas, equilibrando-as e encontrando aquele elo que ainda não conseguiram estabelecer para compreenderem e sentirem a Unidade que é a verdadeira obrigação que o homem encarnado tem por realizar.
       Vários são os meios para intensificardes e acelerardes o vosso encontro com o vosso Mestre Interno, a Poderosa Presença Eu Sou, a Fonte de Luz Cósmica que está em vós. Qualquer denominação que usardes é válida e verdadeira. Qualquer um dos métodos ou caminhos disciplinares que escolherdes é válido, se o praticardes corretamente com assiduidade e pureza de intenções. Esses são os requisitos básicos para os aspirantes à senda.
       Somente para as vossas considerações, embora de antemão saibamos que muitos de vós já lestes sobre o assunto, sempre vale a pena frisar o seguinte:
       - Como disciplinas para realizar este despertar ou união com o Ser Maior, temos vários caminhos que no Oriente fazem parte da sendo do Yoga. Yoga, quer dizer união, e é por meio de várias disciplinas que os aspirantes e discípulos procuram fazer essa religação com a sua Alma ou o Ser Divino que está em seus corações.

       Vós encontrareis, em nossos escritos de autolibertação, temas que talvez já façam parte dos vossos conhecimentos. O que nós nos propomos diante da Hierarquia Divina foi trazer para vós, servidores, um roteiro simplificado de práticas que, se aceitas em vossos corações como verdadeiras, possam ser inseridas em vossas rotinas diárias com sentimento de fé e esperança de que, certamente, irão vos ajudar a melhorar a vossa qualidade de vida, concedendo-vos maior compreensão, equilíbrio emocional, alegria e paz interior. Essa nova disposição, criará as condições para que no futuro vós possais encontrar a Vida atrás de vossas vidas, e unidos a Ela, sentirdes a grande expansão da consciência que esse encontro vos proporcionará.

       Como caminhos disciplinares, temos:

       - O Caminho da Disciplina Física. Um corpo inquieto e indisciplinado não facilitará o trabalho de meditação. Existe nessa senda uma extensa série de exercícios e posturas que têm por finalidade disciplinar o corpo pelo comando mental, além de levarem a vitalização a todas as partes desse corpo, principalmente às mais carentes. Porém, nos discípulos ocidentais, sentimos que nem todos aderem a esse trabalho, isso pelo exíguo tempo que têm disponível. No Oriente, essa disciplina é conhecida como Hatha Yoga.

       - O Caminho do Conhecimento. Esse, para o homem moderno, principalmente no elemento jovem, é um caminho de grande valor. O homem de hoje, inteligente, e que tem o seu intelecto bem estruturado, necessita aprofundar os seus conhecimentos, e isso só pode ser proporcionado pelos estudos. Esse homem já não aceita um caminho espiritual que não lhe dê provas científicas da veracidade dos fatos que o místico antigo aceitava sem questionamentos. Já passou a época dos alucinados místicos do passado; hoje o místico moderno exercita as suas práticas devocionais estribado na lógica que a situação oferece como verdade, e dessa maneira compreendendo toda a problemática que está vivenciando, ele tranquilamente harmoniza a sua vida material com a espiritual com maior equilíbrio. Esse caminho no Oriente é conhecido como Jnana Yoga, o caminho do conhecimento, que culminará certamente na sabedoria Iluminada no homem realizado.

       - O Caminho do Carma. Esse é a senda da aceitação da vida com todos os seus intrincados problemas. Viver o carma não é nenhum exercício de acomodação para com todas as situações que venham a nos ferir e agredir. Temos que obter a compreensão e a coragem para sabermos o que podemos mudar em nossas vidas e aquilo que é imutável. E, a partir desse entendimento, aceitar as situações adversas com espírito de compreensão e resignação, e com alegria interior de quem tem a certeza de que está liquidando um débito passado. Com essa compreensão, sentida intimamente, o pesado fardo do carma tornar-se-á muito mais fácil de ser vivenciado e as situações conflitantes melhor compreendidas. Essa é a senda do Karma Yoga, que nossos irmãos orientais aceitam como Lei irrevogável.

       - O Caminho da Devoção. Essa é a trilha do amor, seguida pelos discípulos que alicerçam as suas vidas místicas no amor devocional à Divindade, no aspecto do Pai, o Senhor Criador, ou da Mãe Divina, ou a um Santo ou a um Mestre Iluminado, onde eles veem a Divindade representada. No Yoga, esse caminho chama-se Bhakti Yoga.

       - O Caminho da Repetição do Nome da Divindade ou de um Mantra. Essa senda proporciona ao devoto condições para manter a atenção voltada para o seu propósito, que é a mente fixa na Divindade. Mesmo trabalhando em suas atividades da vida material, ele consegue manter a atenção fixa nesse ideal. Os verdadeiros adeptos desse caminho conseguem essa proeza de não se desligarem do seu propósito divino mesmo durante as atividades mundanas. Esses exercícios de repetição mental do nome da Divindade ou de um mantra funcionam como um excelente isolante contra as agressões dos planos astral e mental. Isso por que criam uma imantação favorável e protetora em torno do praticante. No Yoga, essa disciplina recebe o nome de Japa Yoga.

       Todos vós podeis estar ansiosos por nos formular a seguinte pergunta: Qual desses caminhos é o melhor, e qual deles nos levará a esse despertar e encontro com a Divindade?

       Respondemos-vos, servidores, que todos os caminhos e suas respectivas disciplinas são válidos e verdadeiros. Se realmente aderirdes a um deles com vontade, fé e humildade, acabareis por atingir o vosso objetivo.

       No entanto, nós vos asseguramos, em nossas experiências passadas constatamos que o aspirante ou discípulo, ao aderir a uma dessas disciplinas, tornou-se um ferrenho opositor a qualquer um dos outros caminhos e práticas e, dessa maneira, cerrou as portas da oportunidade que todos eles oferecem. O homem não pode ser intransigente e apegado a um só caminho, na sua escalada evolutiva. Ele tem que estar aberto e receptivo para tudo aquilo que possa acrescentar algo como Luz na sua evolução. (1) Todos os caminhos estão repletos de lições sábias e que podem ser acrescentadas às vidas tanto do homem mundano como dos espiritualistas. Para vós, servidores, o nosso desejo é que façais a união de todas essas disciplinas e as apliqueis em vossas vidas, com a certeza de que Ele vos responderá. Mais cedo ou mais tarde a Iluminação acontecerá.

       O caminho da junção de todas essas disciplinas, no Oriente, denomina-se Raja Yoga.

       (1) A elegância e diplomacia de Djwal Kuhl, não lhe permitiram dizer claramente que essa mesma situação se verifica ainda hoje, notadamente nos veículos de comunicação. Temos observado a resistência de, por exemplo, a grande maioria dos espíritas cardecistas, em aceitar outras verdades e ensinamentos mais dinâmicos: ocultistas, umbandistas e outros, embora milenares, ou mesmo da Nova Era, que não estejam alinhados – e normalmente não estão nas perspectivas do raciocínio dos cardecistas - com o que dissera ou não, seu principal mentor Allan Kardec, ou supostamente assim eles interpretem.
       O mesmo ocorre com gamas de estudantes do ocultismo, em relação aos outros movimentos, e com religiosos cristãos apegados tão somente ao antigo e novo testamentos, e com demais religiões em relação aos seus dogmas, tradições e livros sagrados. Como não bastassem os céticos e ateus a formarem uma comunidade retrógrada, teimosa e dissolutiva, respaldada na ilusória ciência materialista, ainda emergem oposições por conta dos teóricos, que pululam a contestar o que não conhecem e que não lhes interessam de fato pesquisar e praticar, ou vivem a dar aulas enciclopédicas sobre assuntos meramente copiados, e muitos errados, que geram um tipo de carma. Expressivo número destes detêm energias negativas enraizadas em seus subconscientes que os impelem ao erro, ou se encontram em sintonias com forças negativas externas e materiais, não obstante sutis, mas que eficientemente os dominam, não os deixando a isto perceberem.
       Em que pese o Mestre exortar a que busquemos o que possamos admitir e praticar de outros movimentos, filosofias, ocultismo ou religiões, para enriquecimento de nossas visões e práticas – o que, além de tudo, amplia nossos horizontes contra preconceitos e erros por julgamentos precipitados - é bem verdade, também, que baseados nesta assertiva, muitos giram sem cessar de um lugar para outro, fazendo enorme confusão sobre os assuntos e diferentes métodos, e nada de objetivo aplicam corretamente em si mesmos. (Rayom Ra)

       Porém, como já vos dissemos no início desse trabalho, voltamos novamente a chamar as vossas atenções para o seguinte: Ao atingirdes a resposta sagrada, não fiqueis inertes e escondidos, ide para a vida a fim de atuardes e espargirdes essa energia entre os vossos companheiros de evolução. Não precisais tornar-vos pregadores ou reformadores de costumes; vivei as vossas vidas de maneira normal e com equilíbrio, labutando pelo vosso sustento e daqueles pelos que sois responsáveis. Porém, certos de que estareis irradiando energia de resistência contra as forças negativas, que ficarão impotentes para atuarem. E também servindo de exemplo silencioso para todos aqueles que convosco contatarem.

       Esse Encontro Sagrado poderá se repetir em vossas vidas mais de uma vez. Mas mesmo que ele não torne a acontecer novamente, a experiência é inolvidável e deixará registrado dentro de vós esse momento mágico e grandioso, que é o encontro do homem como seu Ser Maior. Só através desse Encontro é que se realiza a verdadeira e perfeita transformação do ser humano.
       Vosso Instrutor
                                                Djwal Kuhl

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Rayom Ra

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